Primeiro álbum do KUKL, foi gravado em janeiro de 84 no Southern Studios em Londres, e lançado em setembro de 1984 pela gravadora indenpendente inglesa Crass Records. O nome do álbum é em homenagem ao livro favorito de Björk, História do Olho (1928), do escritor francês Georges Bataille (1897-1962). A capa do álbum foi desenha pelo artista Dada Nana.
Tracklist
Side A
01. Assassin - 03:15
02. Anna - 06:06
03. Open The Window And Let The Spirit Fly Free - 02:35
04. Moonbath - 02:05
Side B
05. Dismembered - 04:29
06. Seagull (Fuglar) - 03:00
07. The Spire - 04:28
08. Handa Tjolla - 01:55
A história do Kukl, por Massari:
MASSARI, Fábio. Rumo à Estação Islândia. São Paulo: CONRAD, 2001, p.98-100.
Tracklist
Side A
01. Outward Flight (Psalm 323) 03:49
02. France (A Mutual Thrill) 04:19
03. Gibraltar (Copy Thy Neighbour) 04:55
04. Greece (Just By the Book) 06:58
Side B
05. England (Zro) 04:51
06. Holland (Latent) 04:40
07. Aegean (Vials of Wrath) 04:29
08. The Homecoming (The Night) 02:54
Side A
01. Assassin - 03:15
02. Anna - 06:06
03. Open The Window And Let The Spirit Fly Free - 02:35
04. Moonbath - 02:05
Side B
05. Dismembered - 04:29
06. Seagull (Fuglar) - 03:00
07. The Spire - 04:28
08. Handa Tjolla - 01:55
A história do Kukl, por Massari:
Montado às pressas pelo multi-homem Ási Jónsson (pioneiro dos trabalhos pela causa dos bons sons, dentre outras coisas co-fundador com Einar Örn do primeiro selo independente local, Gramme) para apavorar nas sessões de despedida do seu programa de rádio, o time do Kukl reunia o que havia de melhor na vanguarda sônica local, seus elementos mais destacados e certamente mais perigosos.
Com suas respectivas bandas tombadas após os eletrizantes e extenuantes combates do levante punk travados ao longo dos primeiros anos da década de 1980 (o período capturado em filme e disco – batizando uma geração? – Rokk Í Reykjavík), os integrantes do Purrkur Pillnikk (Einar Örn), Theyr (Godchrist e Siggi, esse um tempinho depois) e Tappi Tíkarrass (Björk), mais doidões como Einar Melax, se reuniram para duas semanas de ensaios e em seguida, sim, apavorar os felizardos ouvintes com o que Björk chamou de “música energética”, “hardcore existencial punk jazz”. A banda gostou e quis mais. Os tais ouvintes tinham testemunhado ao vivo, no delírio radiofônico, ao nascimento, do acaso!, de mais um prodígio da família sonora islandesa. (É inevitável e divertido especular sobre os destinos do pop-rock islandês se essa sessão radiofônica simplesmente não tivesse acontecido. Teria a Islândia demorado mais tempo para entrar no mapa?!)
O Kukl, que pode ser traduzido como “feitiçaria”, mas pode valer também para o “praticante”, gravou dois discos na Inglaterra, um em janeiro e o outro em outubro de 1984, ambos nos estúdios Southern, de Londres, dos camaradas e fãs Crass e Flux of Pink Indians (desse último, Derek Birkett seria depois empresário dos Cubes e de Björk).
The Eye, uma homenagem ao surrealista francês Georges Bataille, é o que chamaríamos, provavelmente ofendendo, de disco “dark”, ou denso. Traz um manifesto do grupo, radicado temporariamente em Londres (nenhuma novidade para o pessoal), intitulado “Open the Window and Let the Spirit Fly Free”, papo bastante inocente, aliás, diante da opressividade, da crueza de faixas como “Assassin” e “Dismembered”. Obviedade talvez... pensar nos primeiros Siouxsie & the Banshees, quase imbatíveis, e na articulação angular aguda do ultra-influente combo mutante Mark Smith, o Fall. (Nota: o álbum Hex Enduction Hour, do Fall, de 82, foi gravado parcialmente em Reykjavík).
Holidays in Europe, só lançado em 86, é outro pequeno clássico do dandismo pós-punk desses islandeses, ou, como querem os próprios, “hard rock de uns tipinhos bem temperados”. O disco tem epígrafe, de Artaud (obra de arte e espírito), e tem manifesto, metalingüístico, semiótico ou coisa parecida. E sob a couraça gótica, mais destilação de veneno estético-moral contra a sociedade islandesa. Pau na cena musical e fogo na tirania do cristianismo, que solapou a ancestral tradição pagão do país, da tribo islandesa. Na listinha de referências sônicas, incluir o Pere Ubu nas suas (r)evoluções mais anfetaminadas.
E o Kukl desabou também. Sucumbiu perante as paradoxais pressões do sucesso comercial e da incompreensão artística. Ou vice-versa. Mais boas doses de álcool e uma certa violência. Terminaram “simplesmente acabando, qual uma explosão caos”, como declarou Björk à época. Mas em meio ao caos sobrava pelo menos uma semente exemplar, mágica.
A idéia era dispersar, ir cada um para o seu lado, começar vida nova mais uma vez. Mas como prever as maquinações do “acaso”? Como imaginar que em mais uma festa surgiria – por acaso! – mais uma banda bacana da cena islandesa? E que a banda surgida da semente Kukl não seria, de jeito nenhum, apenas mais uma bandas bacana islandesa?
Com suas respectivas bandas tombadas após os eletrizantes e extenuantes combates do levante punk travados ao longo dos primeiros anos da década de 1980 (o período capturado em filme e disco – batizando uma geração? – Rokk Í Reykjavík), os integrantes do Purrkur Pillnikk (Einar Örn), Theyr (Godchrist e Siggi, esse um tempinho depois) e Tappi Tíkarrass (Björk), mais doidões como Einar Melax, se reuniram para duas semanas de ensaios e em seguida, sim, apavorar os felizardos ouvintes com o que Björk chamou de “música energética”, “hardcore existencial punk jazz”. A banda gostou e quis mais. Os tais ouvintes tinham testemunhado ao vivo, no delírio radiofônico, ao nascimento, do acaso!, de mais um prodígio da família sonora islandesa. (É inevitável e divertido especular sobre os destinos do pop-rock islandês se essa sessão radiofônica simplesmente não tivesse acontecido. Teria a Islândia demorado mais tempo para entrar no mapa?!)
O Kukl, que pode ser traduzido como “feitiçaria”, mas pode valer também para o “praticante”, gravou dois discos na Inglaterra, um em janeiro e o outro em outubro de 1984, ambos nos estúdios Southern, de Londres, dos camaradas e fãs Crass e Flux of Pink Indians (desse último, Derek Birkett seria depois empresário dos Cubes e de Björk).
The Eye, uma homenagem ao surrealista francês Georges Bataille, é o que chamaríamos, provavelmente ofendendo, de disco “dark”, ou denso. Traz um manifesto do grupo, radicado temporariamente em Londres (nenhuma novidade para o pessoal), intitulado “Open the Window and Let the Spirit Fly Free”, papo bastante inocente, aliás, diante da opressividade, da crueza de faixas como “Assassin” e “Dismembered”. Obviedade talvez... pensar nos primeiros Siouxsie & the Banshees, quase imbatíveis, e na articulação angular aguda do ultra-influente combo mutante Mark Smith, o Fall. (Nota: o álbum Hex Enduction Hour, do Fall, de 82, foi gravado parcialmente em Reykjavík).
Holidays in Europe, só lançado em 86, é outro pequeno clássico do dandismo pós-punk desses islandeses, ou, como querem os próprios, “hard rock de uns tipinhos bem temperados”. O disco tem epígrafe, de Artaud (obra de arte e espírito), e tem manifesto, metalingüístico, semiótico ou coisa parecida. E sob a couraça gótica, mais destilação de veneno estético-moral contra a sociedade islandesa. Pau na cena musical e fogo na tirania do cristianismo, que solapou a ancestral tradição pagão do país, da tribo islandesa. Na listinha de referências sônicas, incluir o Pere Ubu nas suas (r)evoluções mais anfetaminadas.
E o Kukl desabou também. Sucumbiu perante as paradoxais pressões do sucesso comercial e da incompreensão artística. Ou vice-versa. Mais boas doses de álcool e uma certa violência. Terminaram “simplesmente acabando, qual uma explosão caos”, como declarou Björk à época. Mas em meio ao caos sobrava pelo menos uma semente exemplar, mágica.
A idéia era dispersar, ir cada um para o seu lado, começar vida nova mais uma vez. Mas como prever as maquinações do “acaso”? Como imaginar que em mais uma festa surgiria – por acaso! – mais uma banda bacana da cena islandesa? E que a banda surgida da semente Kukl não seria, de jeito nenhum, apenas mais uma bandas bacana islandesa?
MASSARI, Fábio. Rumo à Estação Islândia. São Paulo: CONRAD, 2001, p.98-100.
Tracklist
Side A
01. Outward Flight (Psalm 323) 03:49
02. France (A Mutual Thrill) 04:19
03. Gibraltar (Copy Thy Neighbour) 04:55
04. Greece (Just By the Book) 06:58
Side B
05. England (Zro) 04:51
06. Holland (Latent) 04:40
07. Aegean (Vials of Wrath) 04:29
08. The Homecoming (The Night) 02:54
gracie
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